As alterações decorrentes do envelhecimento fisiológico, sejam elas físicas, psicológicas ou sociais, podem dificultar a independência e autonomia do idoso em relação as mais diversas capacidades funcionais, como as atividades de vida diária (AVDs), atuação socioeconômica e funções cognitivas. Sendo assim, as maiores adversidades associadas à velhice estão relacionadas com a dependência. Essas dificuldades influenciam no modo que o idoso se relaciona com a sociedade de forma gradual, porém não são determinantes para a total dependência e falta de autonomia nas escolhas cotidianas. Num ambiente adaptado e bem preparado para o envelhecimento, é possível que o idoso necessite de menor, ou nenhum auxílio para a realização de determinada tarefa, mantendo-se assim, independente.
A independência do idoso pode ser mantida ou recuperada com o uso de adaptações e dispositivos específicos para cada tarefa. Essas adaptações podem ser relacionadas à alimentação, as tarefas básicas de higiene e vestimenta, ao uso de dispositivos auxiliares de marcha, na direção de veículos, ou mesmo com a moradia. Os idosos que se mantêm ativos e independentes contribuem para a melhora das capacidades funcionais e consequente, qualidade de vida. Sendo assim, a necessidade de intervenções de saúde, desgastes econômicos e emocionais diminuem. O grande objetivo daqueles que envelhecem, é manter a independência e autonomia.
Especialmente dentro do envelhecimento, além de estar relacionada as capacidades funcionais, a independência também tem relação com o poder de escolha sobre sua vida, sendo também responsabilidade e meta para o desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária com idosos, sejam eles produtivos economicamente ou que necessitem de maior suporte funcional. O idoso que se mantém independente é capaz de decidir sobre suas atitudes em relação à saúde, aos vínculos sociais e familiares, ao lazer, e até mesmo sobre sua produtividade econômica, promovendo assim a maior inserção e participação na comunidade, sendo estes, fatores de extrema importância para o envelhecimento ativo e maior expectativa de vida.
Atualmente, o idoso exerce papel diferente de anos atrás na sociedade e no mundo. Ele não mais espera a morte chegar, mas planeja, sonha, exerce seu papel na sociedade. Este tem sido fruto de esforços das sociedades mais desenvolvidas, empoderando o idoso de forma que ele possa dar sequência a sua vida com sua presença ainda importante na sociedade. Mesmo aposentado, a vida continua e ele pode ainda produzir para o mundo que ele vive e para sua descendência.
Paulo Renato Canineu – Médico Geriatra e Gerontólogo
Isabela Feitosa de Carvalho – Mestre em Fisioterapia